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Mulher de Nobel vai à prisão para informá-lo do prêmio

Liu Xia se dirige sob custódia à prisão em Jinzhou. Mundo quer liberdade do chinês Nobel da Paz 
09 de outubro de 2010
9h 31
EFE


A mulher do novo ganhador do Nobel da Paz, o chinês Liu Xiaobo, está indo sob custódia à prisão onde ele cumpre pena para informar-lhe sobre o prêmio, já que o regime comunista censura a imprensa e manda prender os membros dissidência política chinesa.


Handout/ReutersA poetisa Liu Xia e o marido, o Nobel da Paz Liu XiaoboLiu Xia, a esposa do Nobel Liu Xiaovo, se dirigia na manhã de sábado, 9, à prisão em Jinzhou (480 quilômetros a noroeste de Pequim), onde o dissidente e crítico literário de 54 anos foi transferido em maio passado para cumprir sua pena de onze anos a que foi condenado em dezembro de 2009 por exigir democracia em seu país.


Segundo informou hoje a dissidente Wang Jinbo, Liu Xia negociou sua visita de hoje à prisão depois de concordar com as autoridades que a mantinham sob vigilância domiciliar que não se reuniria com a imprensa que a esperava na entrada de seu apartamento em Pequim após a notícia da concessão do Nobel da Paz, na sexta-feira, 8.


Na verdade, o efetivo policial conseguiu tirar Liu Xia do apartamento do casal em Pequim de maneira desapercebida para as centenas de jornalistas que a esperavam ali. Wang, um amigo do casal, disse que o irmão de Liu Xiaobo garante que é pouco provável que Liu Xia consiga se reunir hoje com seu marido por causa da atenção da mídia despertada pela concessão do Prêmio Nobel a Paz a um dissidente chinês encarcerado.

A poeta de 49 anos concedeu ontem entrevistas por telefone a vários veículos e enviou um comunicado em que agradecia pelo prêmio outorgado a Liu, pedia sua libertação e assegurava que, quando este receber a notícia, dirá que "não mereceu".

O telefone dela deixou de funcionar à noite.

Nesta manhã, a segurança em torno da prisão de Jinzhou se intensificou e os acessos ao local foram bloqueados.


Vários jornalistas de Hong Kong que chegaram a Jinzhou pela manhã para buscar a esposa do Nobel foram detidos, interrogados e obrigados a sair da localidade, informou Wang.


Enquanto isso, o regime comunista prossegue implacável a campanha de detenção de ativistas que começou às cinco da tarde de sexta, horário local, quando começou a correr a notícia na China de que o prêmio havia sido outorgado a Liu, apesar das ameaças prévias de Pequim contra a Academia do Nobel da Noruega e ao governo do país escandinavo.


Depois de ficar sabendo da decisão, o governo chinês pediu explicações ao embaixador da Noruega na China.


Já são dezenas os advogados de direitos humanos, intelectuais, dissidentes e signatários do manifesto político "Carta 08", escrito pelo Nobel da Paz, que foram detidos nas últimas 24 horas em Pequim por terem expressado em algum momento sua solidariedade com Liu, segundo informou à Efe o advogado Teng Biao.


A Efe perdeu o contato com esse advogado de direitos humanos há algumas horas, quando, segundo testemunhas, policiais o colocaram em um veículo oficial e o levaram.


Entre os presos estão o advogado de direitos humanos Xu Zhiyong, que em uma entrevista com a Efe na semana passada assegurou que esperava que o Nobel fosse concedido a Liu por defender sua linha de dissidência pacífica e constitucional, e dos membros do Instituto Aizhixing, que defende os direitos dos portadores de HIV e homossexuais.


Os nomes de outros detidos são Wang Lihong Liu Jingsheng, Wang Guoqi, Wu Gan, He Yang, A Er, Xiao Lu, Tiantian, Gao Jian, Peng Mo, Zhang Yongpan e Zhao Fengsheng.


O ativista Liu Dejun disse hoje que se estão cumprindo os piores prognósticos em relação a reação do regime chinês ao Nobel. "Serão mais duros conosco, mas vamos resistir. O governo se comporta como uma máfia".


As detenções estão acontecendo principalmente em Pequim, mas também em outras cidades do país asiárico, como Shanghái, Jinan, e as províncias de Guizhou e Guangxi, onde no total foram presos mais de seis ativistas pró-direitos humanos, infornou a ONG Chinese Human Rights Defenders (CHRD), que tem sede em Hong Kong.


Enquanto isso, 1,3 milhões de chineses vivem alheios a isso tudo por causa da forte censura que o regime exerce hoje sobre a primeira página dos jornais, onde não aparece nenhuma menção ao novo prêmio Nobel da Paz.


O aparato censor atribuiu o prêmio concedido a um "delinquente chinês" nos artigos editoriais que repetem o comunicado público efetuado na sexta-feira, 8, pela chancelaria: o Nobel é uma "blasfêmia" porque, segundo o regime autoritário comunista que governa a China desde 1949, a concessão do prêmio a um criminoso viola o espírito pacifista e harmonioso da Academia.

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