No
domingo dia 3 de junho foi realizada a Marcha das Águas com o tema Não Queremos Usina Nuclear em Pernambuco,
no Nordeste e no Brasil, que percorreu o trajeto de 12 km do trevo até a
cidade de Itacuruba. Cerca de 1800 pessoas entre indígenas, quilombolas,
movimentos sociais do campo e da cidade, populações urbanas, igrejas, homens,
mulheres, idosos, muitos jovens e crianças acompanharam o trio elétrico e a
Banda Fé e Axé, juntamente com Roberto Malvezzi e outros representantes de
entidades organizadoras que mantiveram a animação do público durante a Marcha,
entoando cânticos e músicas cujas letras estavam em uma cartilha, amplamente
distribuída aos participantes.
A
Rio+20 – particularmente a Cúpula dos Povos – começa hoje, aqui em Itacuruba, este
foi o lema presente em quase todas as mensagens transmitidas durante a Marcha, realizada
em pleno Sertão de Pernambuco, região fortemente atingida pela seca. O
principal objetivo de todas as pessoas presentes era a defesa das águas do Rio
São Francisco e o protesto contra o projeto governamental de instalar uma Usina
Nuclear na região. Itacuruba recebeu o povo ribeirinho vindo de municípios da
Bahia, Sergipe, Alagoas, além de cidades próximas e da capital pernambucana.
Logo
a partir das 6 horas da manhã, começaram a chegar as primeiras caravanas e quem
chegava participava do café comunitário ao mesmo tempo em que ouvia falas que
davam o tom da marcha: “A marcha que vamos realizar hoje é apenas uma etapa. Amanhã
haverá o enfrentamento, pois do outro lado está o modelo que quer privatizar e
mercantilizar a água. Esta caminhada é para nos treinar a enfrentar esse modelo
que quer fazer da água uma mercadoria”, enfatizou o padre Sebastião, da Diocese
de Floresta.
No
trevo que dá acesso à cidade, local da concentração, representantes dos povos
indígenas foram convidados para conduzir a abertura. O índio Manoel Antônio do
Nascimento, pajé da aldeia Pankará, fez uma saudação às entidades divinas e ao Pai
Tupã pedindo proteção.
A
longa caminhada em baixo do sol forte do Sertão chegou à praça principal da
cidade de Itacuruba, onde os pronunciamentos foram intercalados com as
apresentações de artistas dos povos ribeirinhos, dentre eles a do cantor e
compositor Jean Ramos e de dois mímicos, de Jatobá; o grupo de xaxado Educarte
de Itacuruba; a encenação dos alunos da Escola Municipal Prof. Francisco
Ferraz, a ciranda do Grupo da Melhor Idade, o espetáculo de dança Planetinha do
Projeto Renascer e o grupo de Vaqueiros de Floresta, que acompanhou toda a
Marcha.
Na
ocasião foi apresentada a “Carta de Itacuruba” e a “Carta das Crianças”, ambas
produzidas durante a Marcha e enviadas para a presidente Dilma Rousseff a
partir da Cúpula dos Povos, na Rio+20. O encerramento da Marcha foi marcado
pela celebração ecumênica que reuniu lideranças religiosas católicas,
evangélicas, indígenas e quilombolas e com o almoço comunitário.
A
Marcha das Águas foi organizada pela Articulação Popular São Francisco Vivo,
Projeto Cultura de Paz e Diocese de Floresta, teve o apoio do Movimento
Ecossocialista de Pernambuco (MESPE), Kinder Missionswerk, CESE, Prefeituras e
GRE Floresta.
Histórico da Luta AntiNuclear na região
O
Projeto Cultura de Paz, a Diocese de Floresta e outros parceiros como a
Articulação Popular São Francisco Vivo e o Movimento Ecossocialista de
Pernambuco (MESPE), junto com os povos indígenas, quilombolas e demais povos da
região vem contribuindo com mobilizações que visam impedir qualquer
possibilidade do governo brasileiro instalar Usinas Nucleares na região ou em
outras partes do país.
Em
outubro de 2011, a Caravana AntiNuclear formada por diversas organizações
percorreu quatro cidades de Pernambuco, dentre elas Itacuruba, levando
informações à população acerca dos impactos da energia nuclear. No dia 9 de
novembro foi realizado uma Audiência Pública no município convocada pelo Fórum
Interinstitucional de Defesa da bacia Hidrográfica do Rio São Francisco para
discutir a instalação da usina nuclear. Desde então, assinaturas estão sendo
coletadas para embasar uma Proposta de Emenda Constitucional que, dentre outras
coisas, visa “vedar a construção, instalação e o funcionamento de usinas que
operem com reatores nucleares para a produção de energia elétrica em qualquer
ponto do território brasileiro”.
Na
Marcha houve também coleta das assinaturas, o que está em andamento na região
através das escolas, igrejas e outras organizações comprometidas com a vida do
Rio São Francisco e seu povo.
Da Assessoria de comunicação
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