Por Jacqueline Ceo*
As
experiências da vida sempre nos ensinam, mas algumas são especialmente
significativas e relato aqui uma delas.
P.M.
era uma moça de 28 anos, casada, mãe de três filhos e tinha doença renal desde
os 14 anos, começando a fazer hemodiálise na Santa Casa de Misericórdia de
Itabuna aos 21 anos. Comparecia três vezes por semana ao Centro de Diálise para
a realização do seu tratamento. Pessoa tranqüila, colaborativa, estava inscrita
na lista de transplantes para receber um rim de doador falecido. Quis o destino
que em julho deste ano, após mais uma sessão de diálise, quando retornando em
uma ambulância para seu município de origem – Ibicuí – um grave acidente de
trânsito tirou-lhe a vida, tragédia também que vitimou fatalmente outro
paciente do nosso serviço, causando grande comoção.
Após
o óbito, coube à Comissão Intrahospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para
Transplantes (Cihdott) entrevistar aquela família que, quando perguntada se concordava
com a doação das córneas de P.M., responderia de forma clara e concisa: SIM,
concordamos.
Para
aquela moça, receber um rim teria mudado definitivamente a sua vida e ela
sonhou com esta possibilidade até o último momento. Não ter recebido o órgão não
a impediu de pensar em outros que poderiam se beneficiar com o seu gesto de
doação: P.M. sempre manifestou para a família o desejo de ser doadora de
órgãos.
A
doação das córneas foi realizada com sucesso e o transplante possibilitou não
somente ao paciente receptor enxergar a vida, mas possibilitou a toda sociedade
enxergar a doação e a recepção de órgãos como uma perspectiva real para todos.
A grandeza de poder ver a vida além da vida!
*Jacqueline Céo é
enfermeira e Coordenadora da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e
Tecidos para Transplantes (Cidhott)
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